Todos Quase...
Uns esperam a guerra acabar, outros a saúde voltar, tantos esperam ter filhos, muitas crianças uma família, outros um emprego, uma casa que seja sua, esperam alguém que foi viajar esperando que um dia volte, talvez para buscar ou quem sabe para ficar, são tantos desejos! Reais e sonhados...A mulher como todos também esperava...
Ela esperava o amor...Ela sabia que todos também ansiavam por este sentimento, pois era um sentimento que embelezava, purificava, fortalecia e quem tivesse ele, as outras esperas se tornavam mais fáceis de se realizar. Mas com o tempo este sentimento foi quase que desaparecendo, se tornando muito raro, então por ser raro começaram a falsificar... E era difícil logo quando encontrado saber se era autêntico. Muitos diziam - eu encontrei o amor! E todos ficavam com as esperanças renovadas. Mas passado alguns anos, ou mesmo meses, a falsificação aparecia, pois o amor era todo colorido, e o falso logo ficava desbotado. As cores iam sumindo e virava um cinza transparente, e, depois desaparecia!
E a pessoa que achava que tinha encontrado o amor verdadeiro ficava com uma tristeza infindável e só...
Todos faziam de tudo para achar o amor verdadeiro, mas a maioria vivia trabalhando tanto que não tinha mais tempo para procurar. Começaram então a colocar anúncios em jornais, revistas, pedindo o amor puro, mas não queriam o falsificado, queriam ver o comprovante de autenticidade. O comprovante de autenticidade no amor era refletido no olhar, quando verdadeiro as duas pessoas sentiam as mesmas emoções, o coração batia tão mais rápido, ficavam como que hipnotizadas, e com uma vontade de se doar, e, quase tudo de triste esqueciam...Mas todos eram obrigados a dar um tempo para o amor se revelar por completo, pois o amor, às vezes, se revelava na primeira vez, e outras, ele demorava um pouco mais para se deixar reconhecer. E o amor tinha exigências...queria solidariedade, cumplicidade, honestidade, e muita benevolência...
E a mulher esperava...Ela saía para a rua e procurava nos olhares das outras pessoas se encontrava o amor, mas as pessoas na rua não se olhavam, passavam umas pelas outras com pressa pensando só nos seus problemas. Ia então ela aos bares na noite, mas na noite as pessoas não estavam a fim de achar o amor, queriam apenas se divertir, beber e conversar...
E no desespero ela ficava com o amor falsificado, ficava um tempo enquanto não desbotava...
Depois que isso acontecia, mais vontade ela tinha do amor verdadeiro encontrar, e não desistia. Resolveu ir para a Internet, achou que através da máquina que estava conectada no mundo seria mais fácil. E assim fez, foi para sites de relacionamentos, sala de namoros, preenchia formulários, participava de grupos de romances... Recebia e-mails daqui e dali, e teclava e teclava...
E de repente notou que um grande vazio começou a ficar nela embora tivesse tanta gente, na Internet. Descobriu então que era ela...e a máquina somente...pois quando desligava o computador não tinha ninguém mais!
Então lembrou que o amor tinha olhos, e olhos, querem olhar... Lembrou que amor quer cheiros, e cheiros, a máquina não deixa sentir...Lembrou que amor quer aconchegos, e a máquina não passa o calor, lembrou que o amor quer beijos...E a máquina separa...Não deixa nenhum sentido sentir...Então em desespero...Um novo sentido nela começou aparecer.
O sexto...E nesse era como se ela visse, como se sentisse, e aí viu como o amor estava raro...Pois descobriu que quase ninguém mais acreditava no amor verdadeiro...
Mas a mulher continuou a esperar e acreditar, pois se deixasse de acreditar, seria como não ter mais esperança, e quem não tem mais esperança já não está mais vivo, mesmo sabendo que quase, pode ser longe, e pode ser perto...
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